Intrinseca
Justiça recolhe livros eróticos em Macaé - RJ
O juiz Raphael Baddini de Queiroz Campos, da Segunda Vara de Família, da Infância, da Juventude e do Idoso de Macaé, Estado do Rio de Janeiro, determinou que todos os livros com conteúdo erótico que não estivessem em embalagem lacrada fossem retirados das prateleiras das livrarias.
A base para a decisão foi o artigo 78 do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que determina que os livros com conteúdo erótico devem estar expostos em embalagens lacradas.
A decisão em si não preocupou tanto quanto a ação realizada na última segunda feira, 14 de janeiro, em que dois polícias e dois comissários da vara foram à livraria Nobel e a uma outra livraria cujo nome não foi divulgado e realizaram a apreensão dos livros.
Foto: https://www.facebook.com/LePMEditores?fref=ts |
Confesso que não sei bem o que pensar a respeito do assunto. Se, por um lado me revolta enormemente a censura, por outro também me preocupa um tantinho esse respeito exagerado que temos por livros. Hoje em dia quase qualquer coisa é permitida a qualquer um, desde que esteja escrita em um livro.
Foto: Divulgação |
Não defendo censura de nenhuma forma e acho a apreensão um abuso desmedido de poder mas, o fato em si não deixa de chamar a atenção para um problema. Afinal, as revistas de conteúdo erótico são lacradas e sua venda é exclusiva para maiores de idade. As locadoras de filmes têm sessões reservadas para filmes eróticos ou pornográficos e a televisão aberta é obrigada a informar a classificação indicativa de sua programação. Por que os livros estão imunes a toda essa vigilância?
Alguns vão argumentar que os livros em questão – sobretudo o atual sucesso de vendas 50 tons de cinza – não têm imagens; outros, eu já li em alguns blogs, vão dizer que o adolescente brasileiro é iletrado e nem tem a capacidade de entender o que está escrito; outros ainda, argumentam que em tempos de nudez na televisão aberta, recolher livros é hipocrisia; mas, a maioria, está no mesmo estado de espírito que eu: pasmo, sem saber o que dizer.
Duas coisas, na minha opinião, são absolutas nessa história: primeira, recolher os livros é um ato desnecessário, agressivo, e absurdamente fora de propósito; segunda, não faria nenhum mal tirar os livros de seus pedestais culturais e prestar mais atenção em seu conteúdo.
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