B. Pellizzer e Fernanda W. Borges – o que esperar?

A Editora Raredes lançou, no domingo, o romance fantástico “A Balada da Bandoleira: High Noon”, uma parceria entre as escritoras Fernanda W. Borges e B. Pellizzer.
Eu, cá do meu lado, fico apenas me perguntando o que pode ter saído de uma mistura tão improvável.




As duas são extremamente talentosas e, me arrisco a dizer, a Betti (nome escondido atrás do B.) é uma das melhores escritoras brasileiras da atualidade. Ponto. Assim, sem discussão. Se ela começar a escrever rótulo de xampu, eu vou ler no banheiro, torcer para o metilparabeno se dar bem no final e quando, finalmente, o rótulo terminar com o melancólico “sem sal”, minhas lágrimas vão se misturar às águas do banho, porque é isso o que a Betti faz. Ela transforma qualquer, qualquer coisa, em uma boa leitura.



A Fernanda escreve romances policiais bem estruturados com um ritmo rápido que prendem a gente do começo ao fim enquanto tentamos descobrir quem matou quem, quem traiu quem, quem vai pegar quem. E sempre tem um monte de “quens”, e eles estão sempre se matando, se traindo, se pegando. Uma loucura.


A Fernanda cria universos limitados onde coloca um monte de personagens amontoadas e tentando se destacar, se digladiando naquele espaço, combatendo um ao outro, a Betti cria universos gigantescos onde dois ou três protagonistas têm trânsito livre; a Fernanda é atenta aos detalhes, às descrições, aos nomes, a personagem pode aparecer por duas linhas no texto, mas vai ganhar um nome, um CPF e um endereço domiciliar (sim, eu estou exagerando), a Betti, quando muito, diz que a personagem tem cabelo preto e cheiro de canela, eu já li livro dela em que ela nem perdeu tempo descrevendo a personagem, simplesmente pediu ao leitor que desse o rosto que lhe fizesse feliz (não, não estou exagerando); a Fernanda é toda a ação, a Betti, emoção.

Vou exemplificar.

Uma personagem com uma faca na mão.
 
Se a Fernanda entregar a faca, você vai enxergar a personagem, saber exatamente onde ela está, saber o tamanho da faca, a cor do cabo a envergadura da lâmina.

Se a Betti entregar a faca, você não vai nem ter certeza de que é mesmo uma faca, mas vai sentir como se estivesse na sua própria mão, vai sentir o frio da lâmina, vai escutar o barulho do corte.

Essa é a diferença principal entre as duas.

No campo personagens, as duas gostam de trabalhar o dúbio do ser humano. Não existem personagens com caráter perfeito mas... — sim, aqui também tem um mas —, a Fernanda costuma deixar bem claro quem é vilão e quem é mocinho; a Betti só te apresenta a personagem, não a julga, deixa que você decida se aquela personagem é do bem ou não.

E os finais?

Senhor! Como eu explico?


A Fernanda é gente boa com quem lê. Simples assim. Ela termina os livros suavemente, vai fazendo a coisa acontecer, prepara o leitor para o que vem, e a gente termina a história com aquele sentimento de tranquilidade, de realização, com o coração em paz.

A Betti? A Betti é uma filha de uma boa mãe (sim, eu queria digitar um palavrão). Não existe final em que a gente não precise respirar fundo e colocar o coração de volta no lugar. A gente sempre termina os livros da Betti com a boca aberta e aquela sensação de incompletude, aquela ressaca, aquela coisa toda bagunçada na cabeça. Até hoje não decidi se eu amo odiar os finais dela, ou se eu odeio amar aqueles finais, porque são eles que fazem a história ficar na gente.

Por dias.

É uma maldição.


Enfim, estou muito feliz por ser blogueira. Recebi o livro e vou começar a devorá-lo agora mesmo, torcendo para a Fernanda ter escrito o final.

Se você ainda não conhece nenhuma das duas, tá na hora de começar. Seja você um leitor de romances policiais, seja você um leitor de dramas que gosta de um final bem sacana, não vai se arrepender de visitar os universos dessas duas escritoras talentosíssimas.

Para adquirir “A Balada da Bandoleira: High Noon”, clique aqui

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8 Comentários

  1. KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Valeu pela matéria, mas eu acho que sou legal nos finais.
    kakakakakakakka

    Comprem o livro!

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  2. Obrigada pela matéria, ficou ótima! Aguardo o veredicto da leitura. F.W.B.

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    1. Veredito dado. https://oleitorvoraz.blogspot.com/2019/06/resenha-balada-da-bandoleira-high-noon.html

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  3. Caramba!...
    Amei (sim, amei) conhecer o blogue e – mais ainda – o lindo e expressivo texto sobre essas duas criaturinhas que eu amo, a Betti e a Fernanda, duas bandoleiras. Espero, ansiosamente, a versão impressa da “A Balada da Bandoleira: High Noon”, obra cuja produção tenho acompanhado com muita expectativa, desde que as duas começaram a escrevê-la.
    Parabéns ao blogue e à blogueira! Prometo ser leitor cativo.

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    1. Obrigada pela visita e pelo comentário, Valdinar! Apareça sempre.

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  4. Tu escreve bem demais. Parabéns! Sou muito suspeito para falar do trabalho da Fernanda Borges e da Betti Pellizzer, já que sou fã de ambas. E olha, me falta palavras para descrever o quão incrível é esse feat. entre elas duas.

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    1. Muito obrigada, pessoa sem nome! Somos em quatro aqui, mas eu vou pegar esse elogio pra mim e esconder de todos os outros. Realmente essas duas escritoras são incríveis.

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