(Resenha) Morte Súbita

O que você faz quando não tem ninguém te olhando? Todo mundo tem um segredo, um preconceito, uma ponta de hipocrisia presa na alma. Qual é o seu?

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Na pequena Pagford, em certo domingo à tarde, Barry Fairbrother está ocupado demais com seu trabalho para lembrar do aniversário de casamento; de conversar com sua esposa; ou mesmo pra prestar atenção àquela persistente dor de cabeça que o tem incomodado há mais de um dia.

Barry não passou daquele domingo. Teve aneurisma e morreu subitamente, no estacionamento do clube onde tinha levado sua esposa Mary para jantar.

A partir da morte repentina de Barry Fairbrother, e do impacto que isso teve sobre os habitantes de Pagford, começa-se a contar a história do dia a dia na pequena cidade.

O que esperar de Morte Súbita:

Morte Súbita não é aquele tipo de história que tem um personagem principal e que terá um final feliz. De fato, Morte Súbita nem mesmo tem um final propriamente dito.

O livro foi feito como um diário de uma cidade pequena e conta não uma, mas muitas histórias sobre seus habitantes. Foi delicioso ver uma gama tão diversificada de personalidades, de manias, de doenças, e de psicoses passeando pelas páginas de uma mesma publicação.

Sem fazer qualquer tipo de julgamento e com uma pitadinha de humor muito negro, a autora apresenta seus personagens ao leitor de dentro pra fora explicando primeiro o que se passa em suas cabeças e, depois, como eles realmente agem no convívio social uns com os outros.

Em Pagford o leitor poderá conhecer o casal de meia idade cuja mulher está entediada com sua vida; a mãe solteira que abandonou emprego e saiu no mundo atrás de um grande amor; o solteirão convicto que está sempre idealizando uma parceira ou uma vida mas no fundo não sabe o que quer; a periguete que pega todo mundo; o chefe de família violento que espanca mulher e filhos; o bad boy; o nerd; a patricinha… E, de todos eles, há uma história pra contar. Dentro da cabeça de cada um deles J.K. permite ao leitor entrar e explorar suas vaidades, seus segredos, seus medos, sua moral, suas epifanias, suas vontades e seu desespero.

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Dicas do LeVo

  • Esqueça que J.K. Rowling é a autora de Harry Potter. Faça de conta que é um outro escritor qualquer e comece sua leitura de mente aberta.
  • Não compre o livro para o seu filho de 12 anos. De novo: não é Harry Potter. Trata-se de uma publicação para adultos e contém palavrões e cenas de violência, sexo e abuso de drogas.
  • A história tem muitos personagens, muitos mesmo, alguns até com os nomes bem parecidos e, por isso, o começo da leitura pode confundir um pouco o leitor. A dica é: comece a leitura em um lugar tranquilo. Vai levar apenas umas poucas páginas para se familiarizar com os diferentes nomes e famílias.

 

Meu segredinho

Durante a leitura me envolvi tanto com determinados personagens que quase pude sentir dentro de mim seu desespero. Tanto que, ao final do livro, quando percebi que não haveria nenhum evento cármico que gerasse uma grande transformação na vida deles, apenas a vida que segue dia após dia, eu chorei. Chorei convulsivamente e lamentei por aquelas vidas que nem mesmo existem.

Moral da história: o livro o bom demais.

 

Ficha Técnica:
Título: Morte Súbita
Título Original: The casual vacancy
Autor: J.K. Rowling
Tradução: Izabel Aleixo; Maria Helena Rouanet
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2012

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