O Sonho de Matilde


Foi uma delícia ler este livro.
 
O Sonho de Matilde conta a história dos Moreira, uma família do interior de Minas Gerais cujo pai é um orgulhoso funcionário da Caixa Econômica Federal.
 
A narradora da história é a própria Matilde e ela é de uma inocência quase dolorosa. A história não conta exatamente quantos anos Matilde tem mas fica claro que ela não é mais uma menininha. Ela frequenta cursinho, está prestes a entrar pra faculdade. Se ignorarmos este fato pode-se facilmente acreditar que o relato pertence a uma menina com não mais do que doze anos.
 
Ambientado na década de 1960 o livro tem aquele potencial delicioso de nos fazer mergulhar em nossa própria infância. Eu não cresci nessa década, nasci quase 20 anos depois disso e ainda assim consegui resgatar os cheiros da minha infância; a importância que os mais velhos davam ao nome; o status que tinha um funcionário do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica; e o quanto era bonitinho uma menininha quietinha e delicada, orgulho dos pais, moça prendada.
Copacabana nos anos 1960
 
A moça prendada, maior orgulho dos Moreira era Cristina, irmã de Matilde e, o sonho de Matilde era ser exatamente como a irmã. Juntas elas dividiram um outro sonho: o  de sair de Minas Gerais e ir para o Rio de Janeiro, conhecer a praia de Copacabana. Elas já tinham tudo planejado: o curso universitário, o casamento, o número de filhos.
 
Foi quando o mundo de Matilde começou a desmoronar e ela viu seus sonhos, um a um, serem roubados.
Acho que o maior mérito desse romance de Livia Garcia-Roza é o de conseguir descrever com perfeição o que é crescer. A transformação da menina em mulher. O momento exato em que é preciso abrir mão dos sonhos e aceitar o que a vida te trouxe e fazer o melhor com isso.
Vale muito a pena ler.

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A foto da Praia de Copacabana foi copiada do site http://www.copacabana.com/fotos, que é lindo. Visitem.

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